“Não seria apropriado usar o título ‘corredentora’”, afirma o texto. “Esse título pode criar confusão e gerar desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã”.
O decreto reforça que, embora Maria tenha exercido um papel singular e fundamental na história da salvação, a Redenção foi realizada unicamente por Cristo, através de sua crucificação, morte e ressurreição.
Raízes do Debate e Posição dos Papas
O ensinamento oficial da Igreja sempre sustentou que Jesus redimiu a humanidade sozinho. Contudo, a intensa participação de Maria ao aceitar o chamado divino, como Mãe de Deus, gerou um debate entre teólogos e fiéis sobre se sua cooperação justificaria o uso do título de “Corredentora”.
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Papa Francisco (falecido em abril de 2024): Posicionou-se veementemente contra o título, classificando a atribuição como “tolice” em 2019. Ele enfatizou que Maria “nunca quis tirar nada de seu Filho para si mesma”.
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Papa Bento XVI: Também rejeitou o termo, mantendo a clara distinção entre a cooperação materna de Maria e a obra redentora exclusiva de Cristo.
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Papa João Paulo II: Demonstrou simpatia inicial, mas suspendeu o uso público do título nos anos 1990, acatando reservas teológicas manifestadas pelo então escritório doutrinário.
O Papel de Maria: Intercessora e Modelo de Fé
O novo documento, longe de diminuir a importância de Maria, reafirma seu papel essencial como intercessora e cooperadora na obra divina.
“Ao dar à luz Jesus, ela abriu os portões da Redenção que toda a humanidade aguardava”, diz o decreto.
O texto recorda a resposta de fé de Maria no Evangelho de Lucas como o cerne de sua cooperação: “Eis aqui a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lucas 1:38).
O Vaticano ensina que essa obediência a tornou um modelo de submissão à vontade de Deus e um testemunho de fé viva. Contudo, essa cooperação não a coloca em igualdade com Cristo na obra salvífica.
Objetivo Final: Centralidade de Cristo
Com este novo decreto, o Vaticano busca encerrar uma discussão interna que, por décadas, dividiu correntes mariológicas e gerou tensões teológicas. A orientação final tem como objetivo preservar a centralidade de Jesus Cristo na fé cristã e evitar qualquer interpretação que possa enfraquecer o princípio fundamental da Redenção exclusiva de Cristo.
