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Justiça russa aumenta repressão e proíbe mais igrejas batistas de operar

(Foto ilustrativa: Michael Parulava/Unsplash)

A justiça russa intensificou a repressão contra igrejas batistas, proibindo o funcionamento de mais três congregações ligadas ao Conselho de Igrejas Batistas. Desta vez, a ação judicial ocorreu na região sul de Krasnodar, elevando para dez o número de igrejas da denominação impedidas de realizar atividades desde o início de 2024.

As igrejas afetadas estão localizadas em Timashyovsk, Armavir e Tuapse. A determinação judicial impede que realizem qualquer atividade religiosa sem notificação prévia às autoridades.

A organização International Christian Concern (ICC) explicou que a proibição judicial impede uma igreja de se reunir não apenas em seu endereço original, mas em qualquer local dentro da cidade ou distrito.

O Conselho de Igrejas Batistas se recusa a solicitar autorizações governamentais devido à sua história. A organização foi criada durante a Guerra Fria para resistir ao controle soviético sobre as congregações, em contraste com as igrejas registradas, que eram rigidamente supervisionadas pelo Estado. Após a queda da União Soviética, o Conselho continuou a se reunir abertamente, em residências particulares ou propriedades privadas.

Em Timashyovsk, o Tribunal Distrital determinou a proibição das atividades da igreja local após uma inspeção realizada em junho. Durante a visita, autoridades interromperam um culto e interrogaram o pastor Andrey Antonyuk sobre a situação legal da congregação. A promotoria havia apresentado uma ação civil em julho, solicitando a suspensão das atividades até que a igreja apresentasse notificação formal de existência. O Departamento de Intercessão do Conselho de Igrejas alegou que a decisão judicial não apontou nenhuma violação grave ou repetida que justificasse a medida extrema.

Em Armavir, o tribunal da cidade atendeu a um pedido semelhante da promotoria em 30 de setembro, alegando que o pastor Vladimir Popov realizava reuniões religiosas sem autorização oficial e que o grupo se enquadrava como associação religiosa não registrada. O tribunal também citou “violações administrativas”, incluindo multas aplicadas ao pastor por conduzir cultos e a um membro da igreja por distribuir jornais religiosos em uma loja.

Já em Tuapse, o tribunal local proibiu a congregação em 22 de setembro, após relatórios do Serviço Federal de Segurança (FSB) apontarem que o grupo promovia atividades religiosas com a participação de menores e de visitantes de outras regiões e países. A ação administrativa foi movida pela promotoria em agosto. O pastor Anatoly Mukhin também já havia sido multado por supostas atividades missionárias ilegais, como distribuir literatura cristã e realizar cultos sem notificação ao Estado.

Embora a maioria da população russa pertença à Igreja Ortodoxa Russa, o engajamento religioso é baixo. Apenas 1,3% dos russos se identificam como protestantes, segundo um relatório de 2024.

Em junho, um projeto de lei apresentado na Duma propôs proibir cultos e ritos religiosos dentro de residências e em áreas comuns de prédios, afetando diretamente as congregações do Conselho de Igrejas, que se reúnem em casas. No entanto, o governo criticou a proposta em outubro, afirmando que ela contradiz leis vigentes e precisa de ampla revisão.

Apesar das decisões judiciais, as igrejas continuam se reunindo. Apenas uma igreja, em Kurganinsk, foi lacrada por oficiais de justiça após um julgamento de 2024. Os recursos do pastor Aleksandr Chmykh foram rejeitados em todas as instâncias, incluindo pela Suprema Corte da Rússia em agosto de 2025. Em Rodniki, a igreja teve seu apelo final rejeitado em 29 de outubro, quando o 4º Tribunal de Cassação manteve a proibição emitida em dezembro de 2024. Na cidade de Yoshkar-Ola, a Suprema Corte regional confirmou em outubro a decisão que impedia as reuniões realizadas na casa de Viktor e Svetlana Araslanov, junto com outros membros da igreja.

Fonte: guiame.com.br

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